A Emoção de Criar o Futuro

William Barter
7 min readApr 18, 2024

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Imagine segurar um livro novo, pronto para mergulhar em suas páginas repletas de ideias e histórias.

Ao caminhar pelas páginas, você está sendo guiado. Livros e filmes, por exemplo, são guias para nossos sentidos. Durante o seu filme favorito, o diretor tenta, o tempo todo, mexer com as suas emoções.

Em um livro, a primeira coisa que chama atenção é a capa, com arte intrigante e título em uma fonte elegante e legível.

Essa escolha de design já está começando a despertar sua curiosidade e antecipação pelo que está por vir. Não é?

Ao abrir o livro, você é recebido por um layout bem organizado, com espaçamento generoso entre as linhas e margens amplas, criando uma sensação de leveza e clareza.

A experiência precisa ser o mais confortável possível, para você não se distrair ou desejar outras coisas.

As fontes escolhidas são de fácil leitura, com um tamanho adequado que não exige esforço para decifrar as palavras e entender a mensagem.

Essas decisões de design, da estética à estratégia, não só facilitam a compreensão do texto, mas também tornam a experiência de leitura mais agradável e convidativa.

Cada elemento foi pensado para ampliar a mensagem do texto e despertar emoções específicas em você

Conforme você mergulha nas palavras, você percebe o cuidado e a intenção por trás da escrita.

O autor habilmente combina ideias e conceitos de maneira fluida e envolvente, guiando você pela jornada de um constante “quero mais disso”.

A escolha das palavras, o ritmo da narrativa e a estrutura do texto são todos elementos de design que trabalham juntos para cativar sua atenção e estimular sua imaginação.

Quanto mais rica e envolvente essa combinação mais poderosa a armadilha sensorial que prende a nossa atenção.

Além disso, o design visual do livro é complementado por imagens evocativas e cores cuidadosamente selecionadas, que enriquecem ainda mais a experiência sensorial.

Cada elemento — desde a escolha das fotografias até o esquema de cores da página — foi pensado para ampliar a mensagem do texto e despertar emoções específicas em você.

À medida que avança na leitura, você percebe como cada aspecto do design — desde o layout até o estilo de escrita — está contribuindo para moldar sua experiência e influenciar suas emoções.

Você se sente envolvido, inspirado e, acima de tudo, confortável na companhia deste livro.

E é esse conforto, essa sensação de estar completamente imerso na experiência de leitura, que faz com que você deseje repetir essa experiência novamente e novamente.

Quando aplicado com cuidado e consideração, o design pode transformar uma simples página de texto em uma jornada inesquecível de descoberta e aprendizado.

Este é o poder do design — não apenas criar algo bonito de se ver, mas sim algo que gera sensações positivas e nos convide a fazer novas e melhores escolhas.

“Aprendi que as pessoas esquecerão o que você disse, esquecerão o que você fez, mas nunca esquecerão como você as fez sentir.” — Maya Angelou

O design, quando aplicado com sabedoria, tem o poder extraordinário de nos conectar com a realidade de maneiras que transcendem nossas percepções convencionais.

Ao criar camadas de significado e experiência, o design nos permite explorar e compreender o mundo ao nosso redor de maneiras profundamente enriquecedoras.

Essas camadas de percepção não apenas ampliam nossos sentidos, mas também despertam em nós um novo desejo de buscar experiências mais ricas e significativas.

Quando nos envolvemos com um design bem elaborado, somos levados a uma jornada sensorial e cognitiva que nos convida a explorar além dos limites do conhecido.

Cada detalhe meticulosamente considerado, cada interação cuidadosamente projetada, nos leva a descobrir novas facetas da realidade e a compreender as complexidades subjacentes que muitas vezes passam despercebidas.

É como reconfigurar os sentidos para ver além do óbvio, revelando nuances e sutilezas que antes estavam ocultas à nossa percepção.

Os dispositivos e interfaces que são projetados com atenção ao usuário são mais fáceis de usar

Essa ampliação não apenas nos proporciona um maior entendimento do mundo que nos cerca, mas também nos oferece oportunidades de aprendizado e crescimento pessoal.

Ao nos envolver com designs que desafiam nossas suposições e expandem nossos horizontes, somos incentivados a questionar, explorar e experimentar a vida de novas maneiras.

Isso nos leva a novas descobertas, insights e perspectivas que enriquecem nossa vida e nos capacitam a enfrentar os desafios com maior clareza e compreensão.

No entanto, é crucial reconhecer que o poder do design também traz consigo uma grande responsabilidade.

À medida que nos tornamos mais conscientes do impacto que o design pode ter em nossas vidas, é imperativo que o utilizemos com cautela e discernimento.

O design superficial e vazio, que prioriza a estética em detrimento da substância, corre o risco de alienar, manipular ou até mesmo prejudicar aqueles que o experienciam.

Portanto, ao desenhar futuros, devemos estar cientes do delicado equilíbrio entre a criatividade e a responsabilidade, garantindo que nossos esforços contribuam para a construção de um mundo mais justo, inclusivo e sustentável.

Ao longo do dia, você interage com uma variedade de dispositivos e tecnologias, desde seu smartphone até os aplicativos de inteligência artificial que o ajudam a gerenciar suas tarefas.

Em cada caso, você percebe como o design influencia a experiência e afeta sua capacidade de se envolver com o mundo ao seu redor. Os dispositivos e interfaces que são projetados com atenção ao usuário são mais fáceis de usar, mais agradáveis de interagir e mais propensos a melhorar sua qualidade de vida.

Isso ilustra a importância do design na criação de futuros centrados na figura humana, mesmo em um cenário onde a inteligência artificial desempenha um papel cada vez mais evidente.

Ao prestar atenção ao design em todas as etapas do processo de criação, podemos garantir que as tecnologias do futuro sejam acessíveis, inclusivas e transformadoras para todos.

E ao fazê-lo, podemos construir um mundo onde a tecnologia não apenas nos sirva, mas nos emancipe e nos capacite a alcançar nosso pleno potencial como seres humanos.

Em um mundo que se transforma sem pedir licença, a responsabilidade de gerar conhecimento transcende as fronteiras das escolas, empresas e famílias.

É uma responsabilidade compartilhada por toda a sociedade, que requer um compromisso coletivo com a educação, a inovação e o desenvolvimento humano.

Dentro das escolas, é essencial cultivar um ambiente que estimule a curiosidade, o pensamento crítico e a colaboração.

Os currículos devem ser projetados não apenas para transmitir informações, mas também para ensinar habilidades essenciais, como resolução de problemas, comunicação eficaz e pensamento criativo, inclusive competências emocionais.

Os educadores têm o delicado e crucial papel de inspirar os alunos a questionar, explorar e descobrir, preparando-os para os desafios e oportunidades que o futuro sempre reserva.

Nas empresas, a colaboração para gerar conhecimento sensível é fundamental para impulsionar a inovação e o progresso.

Os líderes empresariais devem cultivar um clima organizacional que valorize a aprendizagem contínua e a troca de ideias, incentivando os funcionários a contribuir, de forma segura, com a sua diversidade de experiências e perspectivas únicas.

Ao promover ambientes colaborativos e inclusivos, as empresas podem aproveitar um potencial exclusivo para criar soluções inovadoras que gerem prosperidade para o negócio e a sociedade onde estiver plantado.

Dentro das famílias, o papel dos pais e cuidadores é fundamental na formação do caráter e na construção de valores fundamentais.

É importante cultivar um ambiente em que o diálogo aberto e a expressão de ideias sejam encorajados, permitindo que as crianças desenvolvam um senso de identidade e autonomia, para crescerem sem preconceitos nocivos.

Ao ensinar e estimular habilidades de pensamento crítico e empatia, os pais podem capacitar seus filhos a se tornarem cidadãos responsáveis e conscientes.

Em todos esses contextos, é fundamental reconhecer o papel central do elemento humano na criação de futuros sustentáveis e integrados.

Se o futuro fosse um livro ou um filme, como poderíamos editá-lo?

Em um mundo cada vez mais impulsionado pela tecnologia, é importante lembrar que são as mentes humanas, tanto biológicas quanto artificiais, que moldam o curso dos eventos.

Portanto, devemos colaborar para construir pontes entre diferentes perspectivas e experiências, aproveitando o poder da tecnologia para ampliar a compreensão de nós mesmos, do mundo que nos cerca, e, principalmente, do futuro que podemos construir juntos.

Assim, será possível um tipo de felicidade integral e sustentável, baseado em ideias construídas em ambientes colaborativos e inclusivos.

Somente através da união de todas as mentes, biológicas e artificiais, podemos alcançar o pleno potencial da humanidade e criar um futuro verdadeiramente digno de ser vivido.

Se o futuro fosse um livro ou um filme, como poderíamos editá-lo?

A maioria de nós não presta muita atenção, mas no final dos filmes e livros há créditos numa imensa lista com o nome das pessoas que fizeram parte da construção daquela obra.

Cada uma, de muitas formas, deu a sua contribuição, por menor que seja, e isso fez toda a diferença para o resultado final.

A qualidade de qualquer criação humana depende do volume da diversidade de suas fontes de inspiração.

Quando falamos sobre “desenhar futuros”, em plena revolução digital, coloca-se diante de todos nós o desafio de roteirizar as ideias que irão moldar cada uma das emoções que sentiremos em um tempo que ainda nem chegou.

No final, somos apenas aquilo que experimentamos e sentimos. Será?

O ser humano é o que ele sente, e é isso que nos move para continuar a viver novas e melhores emoções.

Por isso a criatividade humana é tão valiosa, como um passaporte que nos leva pelo tempo, gravando tudo aquilo que “nos salta aos olhos”, para servir de tempero na próximo aventura criativa.

O termo thaumazein (do grego θαυμάζειν) significa a admiração, a perplexidade e o assombro que o mundo pode causar. É aquele impulso inicial da filosofia, um convite para saborear o conhecimento ao qual todos podem acessar, através das perguntas que sempre mudam a nossa jornada para o futuro.

Quem me conhece sabe que eu não acredito no futuro.

Para mim, como já disse muitas vezes, o presente é a eterna fricção entre o passado e o futuro, e as faíscas geradas podemos ou não usar para iluminar o caminho.

O presente é cada instante que essas fagulhas acendem.

Mas, aí depende do quanto estamos admirados, perplexos e assombrados com o mundo. São elas, as nossas emoções, que dão nome e significado a cada uma dessas faíscas e fagulhas.

#BoraCriarFuturos, HOJE!

Não seria emocionante?

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William Barter
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Written by William Barter

Innovation Designer by Biomimicry. Host of CrieAtive+ Podcast: Future = AI + education. Author of "Creativity: In Search of Meaning for the Act of Creating."

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